Os cerca de 1,1 milhão de brasileiros que trabalham no período noturno em centros urbanos estão sujeitos a problemas de memória, obesidade, falta de sono e enfraquecimento do sistema imunológico, entre outros males. De acordo com um estudo do Instituto Dexeus e do Hospital da Paz de Madri, na Espanha, feito em 2006, os trabalhadores noturnos perdem aproximadamente cinco anos de vida a cada 15 trabalhados de madrugada. E têm 40% mais chances de desenvolverem transtornos neuropsicológicos, digestivos e cardiovasculares.
Contrariando a vontade dos patrões, nosso organismo precisa descansar durante as noites, quando libera hormônios como a melatonina, o cortisol e o GH (hormônio do crescimento). “Eles continuam sendo liberados [quando se trabalha de noite], mas sem um pico, o que desencadeia uma série de consequências à saúde”, diz Marco Túlio de Mello, professor do departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Mesmo que a pessoa escureça o quarto, seu organismo não será invertido”, afirma Claudia Moreno, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Uma das substâncias que dependem muito do escuro e da noite para serem liberadas é a melatonina. O hormônio ajuda a controlar o momento certo de cada função corporal. “Sua produção é inibida se a pessoa é submetida à luz intensa de noite”, diz Mello. Isso pode provocar alterações metabólicas, o que faz com que trabalhadores noturnos acabem ganhando peso. “Eles sofreriam menos se não trabalhassem de madrugada mais do que quatro dias consecutivos e tivessem dois dias de folga como intervalo”, afirma Mello. Outras opções para reduzir os problemas é usar óculos escuros e diminuir a exposição à luminosidade.