Quem sofre de Bullyng somos nós

Senador Robero Requião

 Àqueles que algum dia sofreram bullyng na vida devem estar odiando o senador Roberto Requião. Depois de tomar o gravador de um repórter da rádio Bandeirantes e só devolver o aparelho após apagar a entrevista que tinha dado, explicou no plenário o porquê da irritação e disse que foi vítima de bullying. “Perdi a paciência e peguei o gravador do repórter porque o fiz: para que ele não editasse a entrevista. Acho que é momento correto pra resolvermos esse problema e acabarmos com abuso com esse verdadeiro bullying que sofremos nós os brasileiros, parlamentares ou não, nas mãos de uma imprensa, muitas vezes absolutamente provocadora e irresponsável”, declarou Requião. A provocação a qual o senador se referiu foi o fato do repórter ter perguntado se Requião abriria mão da sua aposentadoria de mais de R$ 20 mil que ele recebe como ex-governador do Paraná, caso o Estado precisasse fazer uma redução de gastos. Ora, bullyng sofrem os demais trabalhadores brasileiros que precisam trabalhar 47 anos de sua vida, ou contribuir durante 30 anos ininterruptos para ganhar R$ 3,5 mil. Governadores tem quatro anos de mandato prorrogáveis por mais quatro anos se forem reconduzidos ao cargo e saem de seus palácios governamentais com uma aposentadoria dessas. Vítimas de bullyng somos nós perseguidos por um sistema previdenciário que prestigia ex-governadores, ex-presidentes, ex-senadores, ex-deputados. Porque os quatro anos de mandato não contam como tempo de serviço como todo mundo? Tem governador que com apenas 10 dias de substituição no cargo público já obtém aposentadoria como ex-governador. Se o governo quer acabar com os gargalos do INSS que comece por aí. Para acabar de uma vez com o bullyng que todos nós sofremos pois, desde que houve a tragédia em Realengo e sua divulgação na mídia, a toda hora alguém se sente vítima de bullying, como o senador Roberto Requião. No tempo em que eu cobria o Congresso Nacional, a atitude do senador Roberto Requião tinha outro nome.

França proíbe uso da burca

Burca é proibida na França

Uma lei francesa que proibiu o uso da burca (vestimenta que deixa à mostra apenas os olhos das mulheres) em público no país, recebeu duras críticas. Os críticos alegam que a medida afeta a liberdade religiosa e o direito das mulheres. A França é um país independente, democrático e que tem o direito de criar regras em seu território, assim como o Irã que cria suas próprias leis. Se a França fere o direito individual destas mulheres muçulmanas impedindo-as de se vestirem segundo sua vontade, o Irão também fere o direito das francesas, holandesas, americanas e brasileiras de se vestirem como querem no país deles. Uma mulher ocidental que visita países muçulmanos tem o direito de se vestir segundo sua cultura? Alguém imagina a possibilidade de uma francesa andar em território que siga os preceitos islâmicos com pernas ou ombros de fora? Ou uma brasileira com um jeans colado, lá em baixo com o umbigo à mostra? Na Arábia Saudita, por exemplo, esta mulher poderia ser presa por ofender a tradição local. É assim que funciona. Estrangeiros devem respeitar as leis do país em que vivem. Porque não as mulheres turcas? No país delas, as mulheres precisam se cobrir, não podem dirigir, sair sozinhas às ruas. Quem defende a burca em território francês também deveria defender o direito da brasileira andar de barriga de fora em território saudita. Países islâmicos têm o direito de exigir dos estrangeiros um comportamento adequado às suas tradições. A França também. É muito barulho por pouco.